Thursday, March 28, 2013

Como falar com seu professor/sua professora: guia passo a passo

Coisa que eu mais detesto na vida é ter de encontrar aluno que quer reclamar da nota que tirou no trabalho/na prova.

Felizmente, são raros os casos em que eu preciso lidar com isso. Em compensação, quando eu preciso...

Plena quinta-feira pré-Páscoa ("quinta-feira santa"?) e eu tenho de atender dois alunos que, basicamente, tinham a mesma reclamação: tinham ido mal no trabalho e "queriam entender por quê". Traduzindo para uma linguagem mais clara, eles queriam reclamar que foram mal, na esperança que eu aumentasse a nota deles.

Um me mandou um e-mail que era mais ou menos assim:
"Bom dia.
Gostaria, se possível, de marcar um horário com a senhora para conversarmos sobre o trabalho?
Obrigado."

O outro, mais ou menos nesses termos:
"Não tirei uma nota boa tirei um D podemos discutir isso semana que vem. Estarei disponível terça ou quarta."

Caros universitários, vejamos o que aprendemos observando essas duas amostras.

Primeira lição de vida: as formas de gentileza (bom dia, boa tarde, por favor, obrigado(a) etc.) continuam valendo, mesmo com o novo acordo ortográfico e demais. Professores e auxiliares de ensino são seres humanos e essas formas se aplicam também a eles.

Segunda lição de vida: pontuação. Para eu conseguir conversar com você, preciso entender que diabos você está dizendo. Se suas frases não fizerem sentido, há muito pouco que eu possa fazer por você.

Terceira lição de vida: você foi mal na prova/no trabalho. Entendi. Mas isso não te dá nenhum direito de decisão sobre as minhas horas de trabalho. Pergunte-me quais são minhas disponibilidades e veja quais se acordam a seus horários; não imponha seus horários a mim.

Quarta lição de vida: depois que eu me resignei a responder sua mensagem pouco clara e nada polida, não chegue 15 minutos atrasado ao meu escritório, especialmente se você souber (como eu lhe terei informado) que já tem outro aluno com horário marcado depois de você. Isso não apenas é inconveniente, mas demonstra que, além de mal-educado comigo, você não tem consideração sequer pelos seus colegas de classe.

Para evitar confusões, vai um modelinho bem simples de e-mail (podem usar ctrl+C ctrl+V), que pode ser usado quase universalmente para iniciar uma conversa com seu professor universitário/sua professora universitária:

Cara professora X,
Boa tarde. Sou seu aluno no curso Y e gostaria de saber se podemos nos encontrar para discutir o trabalho Z, que recebi de volta dia D, no qual tirei a nota N. Tenho dúvidas em relação a A, B e C no trabalho.
Obrigado
Atenciosamente,
Aluno

É claro que esse modelo é flexível e depende do tipo de relação que o professor ou professora estabelece com os alunos e as alunas. Mas ele ao menos dá uma idéia do nível de cordialidade que nós, seres humanos, esperamos do nossas contrapartes. Devo lembrar que, se o professor/a professora não deu seu endereço de e-mail, não é válido buscar no Google, Facebook ou qualqer forma de "stalkeamento". Se ele/ela não forneceu o endereço de e-mail, é por um motivo bem óbvio: não querem lidar com e-mails de alunos. Não insista; fale com ele/ela na universidade (antes ou depois da aula, durante o intervalo...). Desnecessário também dizer que, se for mandar e-mail, "internetês" e linguagem de mensagem de texto ("vc", "pfvr", "vlw" etc.) ficam vetadas.

Eu chegaria até a sugerir que o sucesso dessa técnica de "vencer professores pelo cansaço" tem uma taxa de sucesso bem mais alta quando você já não irrita o recipiente de seu e-mail logo de cara...

No comments: